sexta-feira, 29 de abril de 2011

Futebol Candango na berlinda

A falta de crédito do futebol candango quando se trata de competições nacionais é enorme e pelo jeito ainda vai perdurar por algum tempo. A aventura do Gama pela elite nacional tornou-se uma lembrança distante, assim como pela Copa do Brasil. Com Brasiliense, outro dito grande do nosso futebol, a situação não é muito diferente. Desde 2002, quando foi vice da Copa do Brasil, e 2005, quando sentiu o gostinho de disputar a Série A do Brasileiro e acabou rebaixado, o time coleciona fracassos. Isso sem citar os vexames de Ceilândia, Brasília, Botafogo-DF, Legião, Dom Pedro e Esportivo Guará nos últimos anos.

Em 2010, o Gama conseguiu ser eliminado ainda na primeira fase da Série C do Campeonato Brasileiro, sem conquistar vitórias. A campanha vergonhosa resultou no rebaixamento do Periquito para a quarta divisão da competição nacional. 
 Se a torcida já estava infeliz com os últimos resultados, uma nova notícia pode deixá-los ainda mais decepcionados.

O detalhe é que o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e territórios (TJDFT) determinou o bloqueio das contas e bens de Gama, Brasiliense e até da Federação Brasiliense de Futebol, todos acusados de terem recebido dinheiro de forma irregular do GDF, em 2004. A medida resultou no afastamento de Paulo Araújo, presidente em exercício da FBF, além de impedir que os dois clubes façam movimentações em suas contas bancárias.

Sem poder movimentar as finanças do clube devido ao bloqueio pela justiça, o presidente do Alviverde, Paulo Goyaz, revelou que existe a possibilidade de o Gama não participar da Série D do Campeonato Brasileiro, por falta de recursos para custear as despesas e fazer contratações.

"É uma situação real e que pode inviabilizar a Série D desse ano para o Gama", declarou Paulo Goyaz à reportagem do Esporte Candango antes de pedir licença do cargo. E o dirigente foi além. "Os clubes do DF estão praticamente falidos. Não vejo saída a médio e curto prazo para o nosso futebol. Temos um campeonato local que não empolga, um time na Série C, outro na Série D. Nenhum empresário quer associar sua marca a um produto que não vai gerar renda", disparou antes de completar "Sendo assim, os clubes passam a depender do governo, a imprensa segue na mesma linha e sem verba, todos padecem do mesmo mal".

Paulo Goyaz falou, ainda, sobre os motivos que acabaram culminando com sua saída. "Tentei buscar meios de gerar recursos para o clube. O programa sócio-torcedor começou bem, mas no último mês apenas oitenta associados pagaram à mensalidade. Tive que reduzir os preços dos ingressos no Bezerrão por conta das inúmeras reclamações. Não conseguimos articular com nenhum patrocinador e, por fim, o bloqueio das contas pela justiça nos engessou. Estou desanimado e a tendência é que deixe a presidência do time", desabafou.

De acordo com Paulo Goyaz, o Brasiliense também estaria correndo o risco de não participar da Série B ou C do brasileirão pelo mesmo motivo – o clube aguarda pronunciamento do STJD, na tentativa de reverter o imbróglio envolvendo o caso do Duque de Caxias, que teria escalado o jogador Leandro Chaves de forma irregular em duas oportunidades. No entanto, o mandatário do Jacaré, Luiz Estevão, garante que o time não terá prejuízos.

"Sem dúvida alguma é um problema que existe, mas realmente não me preocupa. O juiz determinou o bloqueio, mas deixou claro que a movimentação bancária para pagamento de salários de jogadores e comissão técnica pode ser feita normalmente. Dessa forma, não teremos prejuízos para a disputa do Campeonato Brasileiro", explicou Luiz Estevão.

Sobre a briga do Brasiliense na justiça desportiva para disputar a Série B em 2011, Luiz Estevão foi reticente. "Ainda não sabemos qual campeonato iremos disputar. Diariamente nossos advogados estão no tribunal em busca de novidades, mas ainda não temos nada de concreto", finalizou o cartola.

Desta forma, os clubes terão seus bens devolvidos pelo Banco Central somente após a dívida ser quitada. A decisão do TJDFT foi em primeira instância e cabe recursos.

Em entrevista ao Esporte Candango, o presidente em exercício da Federação Brasiliense de Futebol, Paulo Araújo (afastado temporariamente por improbidade administrativa), admite que Gama e Brasiliense correm o risco de não participar das competições nacionais, por estarem impedidos de utilizar dos bens e verba de patrocinadores, cotas de TV (no caso do Brasiliense disputar a Série B), entre outros,  para bancar as contratações e os demais custos.

"Realmente isso pode dificultar muito. Qualquer empresa ou pessoa que tem as contas bloqueadas passa por dificuldades e na Federação a situação nesse sentido está complicada também. Por outro lado, o Miguel (Alfredo de Oliveira Júnior advogado interventor) está na Federação e vem constatando que por lá não existe nada demais", revelou, antes de completar: "Entrei com recurso para voltar a ter direito de exercer minhas funções. Agora tenho aguardado os prazos legais e o andamento do processo".

Paulo Araújo falou, ainda, sobre a possibilidade da disputa de partidas da Série A de 2011 no DF "Não foi feito contato algum das pessoas que estão querendo trazer esses jogos para o DF com a Federação. É preciso lembrar que somos a entidade reguladora do futebol no DF e se não autorizarmos a realização dessas partidas elas não acontecerão. Temos um acordo com o Ministério Público que trata sobre esse assunto. É um erro de qualquer pessoa anunciar esses jogos sem nos consultar antes", disparou.

Por Jânio Gomes e Eduardo Castro
Esporte Candango

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