ENTREVISTA

ENTREVISTA CONCEDIDA À ESTUDANTE DE JORNALISMO, DHAYANE CRISTINA, DA FACULDADE FACITEC DE TAGUATINGA-DF
EM, 22 DE SETEMBRO DE 2009

Repórter - Como despertou a vontade de ser radialista?

Jânio - Meu começo no rádio foi algo interessante. A verdade é que desde pequeno sempre gostei de ouvir rádio, mas antes era só prazer em ouvir mesmo, ou seja, não passava pela minha cabeça que um dia eu seria um profissional desta área. Cheguei a Brasília em 2001, para dar continuidade aos meus estudos e realizar um sonho de infância, que era servir o Exército. Tudo isso foi concretizado e, em 2003, o universo radiofônico entrou pra valer nos meus desejos profissionais.

Conheci um amigo, que era locutor de uma rádio comunitária da cidade de Planaltina-DF, e posso garantir que ele foi o principal responsável por eu ter me tornado um radialista profissional. Eu já amava o rádio de verdade e esse amigo, chamado Zé Mário, me deu a oportunidade de começar. A partir desta oportunidade, eu investi na profissão, mudei de emissora e me profissionalizei. Eu sempre digo que nasci para ser radialista e defendo esta bandeira com muito orgulho. É incrível encontrar pessoas que me pagam para ser feliz, porque trabalhar em rádio é simplesmente ser feliz de verdade!

Repórter - Os radialistas consideram o rádio como um grande amor e motivo de felicidade, o envolvimento é tanto a ponto de muitos afirmarem que não teriam prazer em exercer outra profissão. Qual o significado do rádio na sua vida? Se não fosse radialista, conseguiria ser feliz em outra profissão?

Jânio - Explicar com palavras a importância do rádio em minha vida é, realmente, uma tarefa muito difícil. O rádio é alegria, prazer, satisfação e amor. E, que bom que eu posso dizer que o rádio é parte do meu trabalho, com tantas coisas boas que ele me proporciona. Além de ser radialista, tenho outras profissões e gosto de tudo que faço, porque meu pensamento sempre foi fazer apenas aquilo que me desse prazer, quando possível. Claro!

Não posso garantir que conseguiria ser feliz em outra profissão, se o rádio fosse excluído das minhas rotinas profissionais. O rádio significa, além de tudo isso que eu disse, a maior razão que tenho para ser feliz, porque trabalhar em rádio foi uma escolha pessoal. Foi uma escolha acertada e sem espaço para arrependimento.
Repórter - Na sua profissão você tem algum vinculo familiar com os ouvintes ou você deixa só no profissional?
Jânio - Eu, particularmente, gosto de manter o profissionalismo, mas a gente acaba fazendo um relacionamento tão bom com os ouvintes (muitos deles desconhecidos),  e esse envolvimento acaba fazendo com que nos sentimos da família de cada um. Mas, o ideal é que sejamos sempre profissionais no nosso trabalho, independentemente da função ou da profissão.

Repórter - Em rádios de pequeno porte, na maioria das vezes o locutor faz sozinho todo o planejamento e execução do programa (produz, comunica e opera áudio), uma situação complicada no início, mas compensadora com o passar do tempo. Você já passou por essa experiência? Como foi? E quais foram os benefícios acrescentados em sua vida profissional?

Jânio - Esta pergunta é extremamente oportuna e inteligente. O rádio moderno exige que o locutor seja completo neste sentido, principalmente na Frequência Modulada (FM). Um profissional de verdade tem a obrigação de ser muito mais que um locutor que chega no estúdio, recebe a pauta da programação e apresenta o programa. É preciso que o locutor também saiba operar, produzir, planejar, programar, além de simplesmente apresentar.

Começar a carreira numa grande emissora é muito mais fácil, desde que alguém lhe dê esta oportunidade (algo quase impossível), porque tudo é feito com muito profissionalismo e essas rádios tem equipamentos excelentes, contam com tecnologias de primeiro mundo e quase tudo já vem pronto, inclusive a programação. Já nas pequenas emissoras, o locutor tem que se desdobrar e fazer tudo sozinho.

Quando comecei, tinha que chegar muito cedo para fazer toda a programação, selecionar notícias, muitas vezes tinha que comprar CD com músicas novas, que não tinham disponíveis na rádio. Mas tudo isso foi muito bom, pois cheguei no rádio profissional praticamente pronto ou melhor, cheguei com boas noções do básico para ser um profissional. Agora, o mais importante é termos a consciência de que não sabemos tudo e que precisamos sempre fazer reciclagem, já que o rádio e o mundo não param, toda hora é hora de aprender.

Repórter - Todo radialista tem um comunicador referencial no qual se espelha. Quem é o seu radialista modelo e por quê?

Jânio - Sinceramente, não tenho um radialista modelo que o considero meu referencial. Eu ouço praticamente todas as rádios possíveis e todos os comunicadores possíveis, tanto de rádio quanto de TV. Gosto de pegar um pouquinho de cada um e assim tentar melhorar naquilo que acho que devo. Agora, mais importante ainda do que ouvir todo mundo é ouvir a mim mesmo, porque assim percebo melhor os defeitos e qualidades.

Repórter - O radialista é um formador de opinião. Comunica para uma audiência ampla, abrange pessoas de várias classes sociais com diversos anseios e necessidades. Na sua opinião, qual é a importância do rádio como meio de comunicação de massa? Qual seria o uso ideal do veículo?

Jânio – Penso que o rádio ainda é um dos principais meios de comunicação que temos, já que atinge todos os níveis sociais, não importando o lugar em que a pessoa esteja ou a condição financeira dela. Sendo assim, a importância é extremamente grande e deve ser muito mais valorizada pela sociedade.

Acho que o rádio seria melhor utilizado se a população tivesse mais espaço nas grandes emissoras. Quando eu falo em mais espaço, falo do espaço no sentido de permitir que os ouvintes pudessem buscar juntos às autoridades, melhorias para todos e não somente aquele espaço para ligarem pedindo músicas e falar que estão gostando da programação da emissora. Muitas emissoras fazem isso. Deixam o ouvinte participar, mas ele tem que falar bem da rádio e, consequentemente, valorizar o veiculo. Quando o ouvinte precisa solicitar um serviço de utilidade pública, por exemplo, algumas dessas emissoras fecham os seus microfones e esquecem do povo.

Repórter - Até que ponto você considera válida a disputa de audiência pelas rádios? O que você jamais faria por audiência?

Jânio - A disputa de audiências é extremamente importante, desde que seja com ética. É como uma concorrência entre dois supermercados ou qualquer outro comércio. Enquanto a disputa for sadia e com respeito, tudo isso é válido e a população ganha com isso, já que a briga por audiência obriga as emissoras a melhorarem a programação, o conteúdo e as promoções, para continuarem na preferência dos ouvintes.

O que eu acho que não é válido e eu jamais faria por audiência é divulgar promoções falsas, por exemplo. Muitas emissoras anunciam diversas promoções inexistentes, prometem sortear o mundo e isso acaba passando despercebido pelo público. As pessoas acreditam em tudo que é anunciado e participam na esperança de serem sorteadas, mas nem sempre isso acontece.

Repórter - A participação dos ouvintes no ar tem entre os vários objetivos, permitir a expressão democrática de opiniões e ajudar a solucionar problemas de ordem pessoal ou pública. Cite algumas situações engraçadas e delicadas que você vivenciou com o ouvinte no ar. Qual a melhor maneira de controlar essas adversidades?

Jânio - Isso é verdade. Muitas vezes nós comunicadores temos que ser inteligentes e pensar rápido para não cairmos numa fria sem desagradar o ouvinte. Comigo, nunca aconteceu nenhum fato complicado, não. Mas, tenho que confessar que já fui cantado diversas vezes ao vivo e fiquei vermelho igual a um tomate maduro. Os ouvintes não conseguem ver os locutores, mas os imaginam sempre como homens lindos, maravilhosos e perfeitos, mas nem todos são tão bons assim, convenhamos.

O importante é termos bom senso e nunca deixar o ouvinte chateado, porque ele sempre merece o nosso maior carinho. A melhor maneira de controlar esse tipo de situação é tentar cortar o papo, mudar de assunto, fingir que não entendeu e imediatamente chamar a atenção do ouvinte para outra coisa, uma promoção nova, por exemplo. O comunicador tem que pensar e agir com rapidez e inteligência. Tem que ter improviso e simpatia, sempre.

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