Era quase insustentável a situação da diretoria do Gama,
que não resistiu à pressão da torcida e da oposição e se renunciou do comando
alviverde durante a Assembleia Geral Extraordinária, realizada na noite desta
quinta-feira, no Bezerrão.
Embora a assembléia tivesse outra finalidade, que era a prestação
de conta por parte da atual gestão, presidida por Carlos Macedo, sobre alguns
assuntos como a venda da sede social e o contrato de parceria com a FUNFA, o
ponto alto do encontro foi o pedido de renúncia da direção executiva e do
conselho fiscal gamense.
Faltaram explicações convincentes e sobraram ofensas,
acusações e bate-boca. Ao final, a oposição comemorou o afastamento da atual
diretoria, mas nenhum dos oposicionistas presentes quis se candidatar ao cargo
de novo presidente gamense, a partir de 2 de dezembro. A sensação que ficou foi
que resolveram um grande problema e criaram outro bastante complicado e que
necessita de pressa para ser solucionado.
FUNFA
Um dos assuntos que ganharam muita polêmica nos últimos
dias foi o contrato entre o Gama e a FUNFA, empresa que cuida das categorias de
base do Periquito. De acordo com o presidente da empresa, Alberto Mohammed, o
acordo era de 50% de ônus e bônus para as duas partes. Mas, segundo o
empresário, o Gama deixou de cumprir com algumas cláusulas e esse percentual
foi modificado (apenas verbalmente). Assim, o lucro com as possíveis vendas de
jogadores passaria a ser de 80% para a FUNFA e 20% para o clube.
A oposição do Gama alegou que esse contrato seria ilegal,
pois foi feito as escuras, ou seja, somente entre a FUNFA e a diretoria, sem
ser aprovado em assembléia como previsto no estatuto do clube.
Ainda sobre a FUNFA, uma das polêmicas foi sobre a venda
do jogador Leandro para o Grêmio. O jogador, formado nas categorias de base do
Gama, foi envolvido em uma manobra e teria sido forçado a assinar um contrato
profissional com o Capital para depois ser transferido para o Grêmio. Alberto
Mohammed tentou explicar a negociação.
“O pai do Leandro procurou o Betinho - um dos diretores
da FUNFA - e falou que ele não assinaria contrato com o Gama. Então, procuramos
outro meio para poder transferir o jogador para o Grêmio. Se não houvesse um
contrato nós perderíamos o jogador”, disse o empresário.
Caso Brunnoro
A parceria com o empresário Brunnoro é uma possibilidade
real e vista com bons olhos tanto pela situação como pela oposição. O que pouca
gente sabia era como essa negociação estava sendo tratada. Wagner Marques foi
um dos que se apresentaram para explicar o negócio. “O Brunnoro só quer o
departamento de futebol e eu acho que é um projeto muito bonito, de 15 anos, e
que poderá ser a saída para o Gama. Mas, para ele assumir esse compromisso,
temos que conseguir um patrocinador para bancar esse projeto nos primeiros
quatro meses. Depois desse período, o Brunnoro vai trazer investidores para o
Gama. Mas, por enquanto, não temos nada ainda”.
O ex-presidente Toninho pediu a palavra e fez um alerta
sobre a negociação. “O que o Brunnoro quer fazer com isso é a mesma coisa que o
Wagner Marques fez em 1992. Se sobrar fica para eles e se faltar o Gama cobre. Esse
é objetivo. O que nós queremos é uma parceria onde o Gama ganhe e o investidor
também”, declarou.
Wagner Marques voltou a pedir a palavra e rebateu. “Até
eu chegar ao Gama, o clube viveu 15 anos e teve vários presidentes. Futebol é
uma ilusão, não dá lucro. A sobrevivência do Gama até os dias de hoje foi com
muito sacrifício e gastos. Não é assim como você fala que o lucro só fica comigo”.
E assim, com muito bate-boca e pouca solução, foi o andamento
da Assembleia, que ainda tratou de outros assuntos. Quando a oposição pediu
para ver a documentação que detalha toda a venda da sede por R$ 31 milhões e
sobre os R$ 4 milhões que já foram pagos ao clube, o presidente Carlos Macedo
disse que só pretende apresentar esses documentos para o juiz. O presidente
também não deu nenhuma declaração sobre o destino desses R$ 4 milhões já
recebidos. “Eu vou apresentar tudo para o juiz, ele é a pessoa que pode
verificar se existe alguma ilegalidade como pensam”, disse Macedo.
Insatisfeita com as explicações vagas da diretoria, a
oposição pediu a renúncia coletiva da atual diretoria. O primeiro a largar o barco
foi o Vice-Presidente Vilson de Sá. Na sequência, foi acompanhado do segundo
Vice, Oldemar Bezerra.
Carlos Macedo demonstrava força para resistir até que a
Assembléia teve uma pequena pausa e Wagner Marques chamou Macedo e outros
aliados para uma conversa ao pé do ouvido. Na volta, o conselheiro Antônio Alves
do Nascimento anunciou a renúncia coletiva e já marcou a data para a eleição. “Vai
haver uma renúncia coletiva e dia 2, no mesmo local e horário, haverá nova eleição
para elegermos uma diretoria “tampão” até novembro de 2012. Agora, vocês se
resolvam para arrumar um candidato”, disse Tonhão.
Ficou claro na assembléia que a oposição sabia de todos
os pontos que necessitavam de boas explicações. Mas ficou claro também que
ninguém estava disposto a assumir a presidência do clube. Durante a Assembleia,
Wagner Marques surpreender a todos e perguntou se alguém queria assumir o time
a partir daquele momento. Mas ninguém se prontificou a aceitar o abacaxi.
No fim das contas, os oposicionistas resolveram um grande
problema que era afastar a diretoria, mas, ao mesmo tempo, arrumaram outro
problema que precisa ser resolvido até o próximo dia 2. Terão que encontrar
alguém que queria ser o novo presidente do Gama e assumir tamanha responsabilidade.
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