sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Renúncia coletiva

Era quase insustentável a situação da diretoria do Gama, que não resistiu à pressão da torcida e da oposição e se renunciou do comando alviverde durante a Assembleia Geral Extraordinária, realizada na noite desta quinta-feira, no Bezerrão.

Embora a assembléia tivesse outra finalidade, que era a prestação de conta por parte da atual gestão, presidida por Carlos Macedo, sobre alguns assuntos como a venda da sede social e o contrato de parceria com a FUNFA, o ponto alto do encontro foi o pedido de renúncia da direção executiva e do conselho fiscal gamense.


Faltaram explicações convincentes e sobraram ofensas, acusações e bate-boca. Ao final, a oposição comemorou o afastamento da atual diretoria, mas nenhum dos oposicionistas presentes quis se candidatar ao cargo de novo presidente gamense, a partir de 2 de dezembro. A sensação que ficou foi que resolveram um grande problema e criaram outro bastante complicado e que necessita de pressa para ser solucionado.

FUNFA
Um dos assuntos que ganharam muita polêmica nos últimos dias foi o contrato entre o Gama e a FUNFA, empresa que cuida das categorias de base do Periquito. De acordo com o presidente da empresa, Alberto Mohammed, o acordo era de 50% de ônus e bônus para as duas partes. Mas, segundo o empresário, o Gama deixou de cumprir com algumas cláusulas e esse percentual foi modificado (apenas verbalmente). Assim, o lucro com as possíveis vendas de jogadores passaria a ser de 80% para a FUNFA e 20% para o clube.

A oposição do Gama alegou que esse contrato seria ilegal, pois foi feito as escuras, ou seja, somente entre a FUNFA e a diretoria, sem ser aprovado em assembléia como previsto no estatuto do clube. 

Ainda sobre a FUNFA, uma das polêmicas foi sobre a venda do jogador Leandro para o Grêmio. O jogador, formado nas categorias de base do Gama, foi envolvido em uma manobra e teria sido forçado a assinar um contrato profissional com o Capital para depois ser transferido para o Grêmio. Alberto Mohammed tentou explicar a negociação.

“O pai do Leandro procurou o Betinho - um dos diretores da FUNFA - e falou que ele não assinaria contrato com o Gama. Então, procuramos outro meio para poder transferir o jogador para o Grêmio. Se não houvesse um contrato nós perderíamos o jogador”, disse o empresário.

Caso Brunnoro
A parceria com o empresário Brunnoro é uma possibilidade real e vista com bons olhos tanto pela situação como pela oposição. O que pouca gente sabia era como essa negociação estava sendo tratada. Wagner Marques foi um dos que se apresentaram para explicar o negócio. “O Brunnoro só quer o departamento de futebol e eu acho que é um projeto muito bonito, de 15 anos, e que poderá ser a saída para o Gama. Mas, para ele assumir esse compromisso, temos que conseguir um patrocinador para bancar esse projeto nos primeiros quatro meses. Depois desse período, o Brunnoro vai trazer investidores para o Gama. Mas, por enquanto, não temos nada ainda”.

O ex-presidente Toninho pediu a palavra e fez um alerta sobre a negociação. “O que o Brunnoro quer fazer com isso é a mesma coisa que o Wagner Marques fez em 1992. Se sobrar fica para eles e se faltar o Gama cobre. Esse é objetivo. O que nós queremos é uma parceria onde o Gama ganhe e o investidor também”, declarou.

Wagner Marques voltou a pedir a palavra e rebateu. “Até eu chegar ao Gama, o clube viveu 15 anos e teve vários presidentes. Futebol é uma ilusão, não dá lucro. A sobrevivência do Gama até os dias de hoje foi com muito sacrifício e gastos. Não é assim como você fala que o lucro só fica comigo”.

E assim, com muito bate-boca e pouca solução, foi o andamento da Assembleia, que ainda tratou de outros assuntos. Quando a oposição pediu para ver a documentação que detalha toda a venda da sede por R$ 31 milhões e sobre os R$ 4 milhões que já foram pagos ao clube, o presidente Carlos Macedo disse que só pretende apresentar esses documentos para o juiz. O presidente também não deu nenhuma declaração sobre o destino desses R$ 4 milhões já recebidos. “Eu vou apresentar tudo para o juiz, ele é a pessoa que pode verificar se existe alguma ilegalidade como pensam”, disse Macedo.

Insatisfeita com as explicações vagas da diretoria, a oposição pediu a renúncia coletiva da atual diretoria. O primeiro a largar o barco foi o Vice-Presidente Vilson de Sá. Na sequência, foi acompanhado do segundo Vice, Oldemar Bezerra.

Carlos Macedo demonstrava força para resistir até que a Assembléia teve uma pequena pausa e Wagner Marques chamou Macedo e outros aliados para uma conversa ao pé do ouvido. Na volta, o conselheiro Antônio Alves do Nascimento anunciou a renúncia coletiva e já marcou a data para a eleição. “Vai haver uma renúncia coletiva e dia 2, no mesmo local e horário, haverá nova eleição para elegermos uma diretoria “tampão” até novembro de 2012. Agora, vocês se resolvam para arrumar um candidato”, disse Tonhão.

Ficou claro na assembléia que a oposição sabia de todos os pontos que necessitavam de boas explicações. Mas ficou claro também que ninguém estava disposto a assumir a presidência do clube. Durante a Assembleia, Wagner Marques surpreender a todos e perguntou se alguém queria assumir o time a partir daquele momento. Mas ninguém se prontificou a aceitar o abacaxi.

No fim das contas, os oposicionistas resolveram um grande problema que era afastar a diretoria, mas, ao mesmo tempo, arrumaram outro problema que precisa ser resolvido até o próximo dia 2. Terão que encontrar alguém que queria ser o novo presidente do Gama e assumir tamanha responsabilidade.

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